Edmundo Alves de Souza Neto, mais conhecido como Edmundo (Niterói, 2 de Abril 1971) é um ex-futebolista brasileiro que atuava como atacante. Atualmente, trabalha como comentarista esportivo na Rede Bandeirantes.
Iniciou sua carreira profissional em 1991 pelo Vasco da Gama, clube do qual se declara torcedor, e com o qual ele mais se destacou e é identificado, mesmo tendo passado - sem tanto sucesso - pelos rivais Flamengo e Fluminense. Edmundo, curiosamente, defendeu também Corinthians e Santos, dois rivais de outra equipe que também tem bastante carinho e identificação, o Palmeiras.
Ficou conhecido como Animal, apelido criado pelo narrador Osmar Santos, por seu futebol habilidoso e ao mesmo tempo por seu temperamento forte e por sua indisciplina em campo.
O início
Edmundo começou no futsal, no clube Fonseca, em Niterói. Aos nove anos, seu professor de judô o levou para o Vasco, em 1982. Edmundo ainda teria uma rápida passagem nas equipes de futsal de Fluminense, e pelo Botafogo. Neste último, foi expulso por ter andado nu na concentração.
O jogador começou a ter destaque na mídia no dia 25 de agosto de 1991, num jogo preliminar de juniores do Botafogo. Vestindo a camisa 16, ele driblou quatro jogadores e o goleiro, marcando um gol que seria eleito por um cronista esportivo como o melhor momento da tarde.
Em 1992, Edmundo foi lançado como titular pelo técnico Nelsinho Rosa, fazendo uma dobradinha no ataque com Bebeto. Sua estréia pelo Vasco foi em 26 de janeiro, sendo decisivo, mesmo não marcando, na goleada de 4 a 1 sobre o Corinthians pelo Campeonato Brasileiro, em pleno Pacaembu. Fez grandes atuações com a camisa cruzmaltina no torneio.
O jogador repetiu as boas atuações no Carioca, sendo considerado a revelação do campeonato. Tais performances o levaram a estrear em 1992 na Seleção Brasileira, numa partida contra o México, na Copa Amizade. As boas atuações levaram ao interesse de outros clubes. Em 1993 transferiu-se para o Palmeiras num negócio de US$ 2 milhões.
Palmeiras
No time alviverde, não tardou a cair nas graças da torcida. Naquele ano, Edmundo ajudaria o Palmeiras a se livrar de um jejum de títulos que durava desde os anos 1970, ao faturar o Paulistão de 1993 sobre o Corinthians. O sabor foi ainda mais especial, pois, na primeira partida da final, vencida pelos corintianos, o adversário Viola provocara os palmeirenses na comemoração de seu gol, onde imitou um porco. Na segunda partida final, o Palmeiras devolveu com um sonoro 4 x 0. Edmundo não marcou, participando apenas do quarto gol, onde sofreu o pênalti que seria convertido por Evair, mas exibiu certa agressividade que já começava a caracterizá-lo, ao aplicar uma voadora em Paulo Sérgio, na frente do bandeirinha Oscar Roberto de Godoy. Levou apenas um cartão amarelo do juiz José Aparecido.
Em 1993, o Palmeiras ainda vence outros dois torneios: o Rio-São Paulo, também sobre o Corinthians, e o Campeonato Brasileiro. Recebe a Bola de Prata da Revista Placar como um dos melhores atacantes do certame nacional. No ano seguinte, vem o bicampeonato no Paulista e no Brasileirão - outro título sobre o arquirrival Corinthians, em que o Palmeiras reunia um de seus elencos mais celebrados, embora existissem problemas de relacionamento: além de Edmundo, estavam no clube naqueles tempos Antônio Carlos (com quem quase chegara às vias de fato no intervalo de um clássico contra o São Paulo - apenas mais tarde, quando se reencontraram no futebol italiano, superaram as diferenças, César Sampaio, Cléber, Edílson, Evair, Mazinho, Flávio Conceição, Rivaldo, Roberto Carlos, Velloso e Zinho.
Foi em São Paulo que Edmundo ganhou o apelido que levaria por toda a carreira: Animal. Osmar Santos concedia o apelido ao melhor jogador de cada rodada. Edmundo foi várias vezes destaque, e consequentemente diversas vezes agraciado com o apelido, que acabou identificando-o com a torcida palmeirense. Contudo, devido ao seu temperamento arredio e o costume de levar cartões vermelhos, o apelido acabou por ganhar um significado pejorativo, de um jogador irresponsável e que não mede a conseqüência de seus atos.
Dois deles acabaram marcantes, na época: a briga generalizada que iniciou em um jogo de 1994 contra o São Paulo ao dar um soco no lateral André (que chegou a prestar queixa em delegacia), justamente na partida que seria celebrada como "clássico da paz". E, no ano seguinte, pela Taça Libertadores da América, ao agredir um repórter que foi entrevistá-lo e seu câmera após derrota de 0 x 1 para o El Nacional, no Equador, em que ele perdera pênalti. Edmundo argumentara que tropeçara no equipamento do repórter, mas precisou ficar seis dias preso no hotel em Guayaquil até que fosse permitido a deixar o país.
No auge daquela braveza e categoria, sua imagem fez a edição de abril da Placar ser a recordista do ano, vendendo 237 mil exemplares com reportagem de capa em que ele, quebrando a aura de violento, afagava um ursinho de pelúcia. Apesar de prometer na reportagem uma mudança de comportamento, entraria em nova polêmica, pela forma como saiu do Palmeiras, logo depois. Brigas com o técnico Vanderlei Luxemburgo e com companheiros como Rincón, Antônio Carlos e Evair o levaram a recusar a proposta palmeirense de renovação do contrato, embora o clube pretendesse mantê-lo. A torcida, que tanto o adorava, não o perdoou, aos gritos de "Fora, Edmundo! Você é o maior traidor do mundo!".
Flamengo e Corinthians
Com o caminho livre, no meio daquele ano de 1995 Edmundo se transferiu para o Flamengo. Sua chegada teve carreata e desfile em cima de um carro de bombeiros. Ele faria o "ataque dos sonhos" com Romário - com quem gravaria o "rap dos bad boys" - e Sávio. Edmundo, porém, não deu certo, assim como o ataque rubro-negro, o que levou a torcida vascaína a criar o coro, após um empate em 0 a 0 com o arquirrival Vasco: "Pior ataque do mundo, pior ataque do mundo, pára um pouquinho, descansa um pouquinho, Sávio, Romário, Edmundo!"
Edmundo, embora declarado torcedor vascaíno, expressaria posteriormente sua lamentação pela fase ruim no Flamengo: "Dei muito pouco para essa torcida. Eu não fiz nada pelo clube, mas eles sempre me trataram com carinho. Não consegui retribuir". Seu momento mais lembrado com a camisa rubro negra acabou sendo outra confusão: foi em jogo contra o Vélez Sarsfield, pela Supercopa Libertadores, vencido por 3 x 0. Edmundo, autor de um dos gols - colocou a bola entre as pernas de José Luis Chilavert -, sofrera um corte após levar cotovelada do adversário Flavio Zandoná. Os dois trocam tapas, até que Edmundo, de costas, é socado no rosto, caindo e gerando uma batalha campal entre brasileiros e argentinos.
Ainda no final daquele ano o jogador se envolveu em um grave acidente de carro nos arredores da Lagoa Rodrigo de Freitas, em que morreram três pessoas após a colisão de seu jipe Cherokee com um Fiat Uno. Em 1999, chegou a passar uma noite na cadeia após sair sua condenação a quatro anos e meio de prisão por homicídio culposo, em regime semiaberto. Saiu no dia seguinte, por meio de habeas corpus. Em 2003, comentou sobre a tragédia à Placar:
No Brasil, há um movimento para se punir quem é famoso e bem sucedido. Eu vou cumprir o que for determinado (pela justiça), mas é claro que vou procurar sempre os melhores advogados e uma hora vou pegar um tribunal que não seja tão arbitrário. Olha só: os caras que mataram a Daniela Perez pagaram 250 salários mínimos de indenização. A menor indenização que paguei foi de 400 salários. Eles assassinaram a menina, p...! Acho que, quando passei a noite na cadeia, muita gente viu que estavam pegando pesado demais comigo. Eu tenho uma família, residência fixa, pago meus impostos e não quis fazer nada daquilo...
Edmundo acabou brigando com a diretoria do Flamengo, que no início de 1996 o emprestou ao Corinthians. Campeão da Copa do Brasil de 1995, o alvinegro iria disputar a Taça Libertadores da América de 1996. Grande aposta do Corinthians para um título inédito foi recebido como ídolo na apresentação. Naquele primeiro semestre de 1996, marcou 32 gols, inclusive contra os três rivais: dois sobre o Palmeiras, dois contra o São Paulo e um sobre o Santos. O Paulistão é vencido pelo Palmeiras e, na Libertadores, o Corinthians é eliminado pelo Grêmio nas quartas-de-final. Apesar das boas atuações, Edmundo acaba voltando ao Vasco da Gama, sem dar satisfações à diretoria, após desentender-se com o zagueiro Cris.
O auge no Vasco
No Brasileirão, é a grande estrela que salva o Vasco da ameaça de rebaixamento. Sua estréia se dá na vitória de 2 a 1 sobre a Portuguesa. Seu melhor momento, no clube e na carreira, viria no ano seguinte. O Carioca de 1997 acaba perdido para o Botafogo, em finais lembradas pelas requebradas de Edmundo na frente de Gonçalves na primeira partida, vencida pelo Vasco. Todavia, os rivais dão o troco na segunda, com o adversário Dimba devolvendo também as dancinhas.
É no Campeonato Brasileiro de 1997 que Edmundo se consagra no Vasco. Reedita a dupla com Evair e lidera uma talentosa equipe - os jovens Pedrinho, Felipe, Juninho, Ramon e Odvan e os veteranos Carlos Germano, Mauro Galvão, Luisinho e sua antiga dupla Evair - em uma grande campanha. Ele marca 29 gols no campeonato, superando em um gol o recorde do atleticano Reinaldo, que durava 20 anos. Seu recorde só iria cair quando o Brasileirão adotou o sistema de pontos corridos, em 2003, onde há turno e returno entre todos os times e, com isso, mais jogos. Nove desses gols são lembrados em especial: os seis da vitória por 6 x 0 sobre o União São João, em noite em que ele inclusive perdera pênalti; e três na vitória por 4 x 1 sobre o arquirrival Flamengo nas semifinais, na noite em que ele superou Reinaldo.
Apesar de não ter marcado nos dois jogos da finais, contra sua ex-equipe do Palmeiras, sua atuação foi polêmica. No primeiro jogo, no Estádio do Morumbi, Edmundo havia recebido um cartão amarelo e seria, assim, suspenso do último e decisivo jogo. Foi alertado pelo banco de reservas, então, para cavar uma expulsão, sendo assim não julgado a tempo pelo tribunal. Fora a sua segunda polêmica no campeonato; na primeira, proferira uma frase preconceituosa contra o árbitro cearense Francisco Dacildo Mourão, que apitara o jogo do Vasco contra o América, em Natal: "A gente vem na Paraíba, um paraíba apita, só pode prejudicar a gente, né?". Ao final do segundo jogo da final, com o título brasileiro, o jogador afirmou:
“... Esse é o título mais importante da minha vida.”
Naquele campeonato Edmundo terminaria com uma marca de 29 gols em 28 jogos, média superior a de um gol por partida. Receberia duas Bolas de Prata da Placar, como um dos melhores atacantes e como artilheiro. Seria premiado também com a Bola de Ouro, como melhor jogador do campeonato. Abaixo, todos os gols de Edmundo no Brasileirão de 1997.
Fiorentina
Depois da final de 1997, Edmundo foi, por 9 milhões de dólares, para a Fiorentina, clube do Campeonato Italiano. A sua venda se deu, em parte, pelo litígio que o atacante tinha com a direção do clube, por conta de salários atrasados. Na Itália, fez inicialmente boa dupla de ataque com o argentino Gabriel Batistuta, sendo considerado, junto com Batistuta e Rui Costa, como o principal responsável pelo terceiro lugar na Serie A na temporada 1998-99. Contudo, no final de 1998 começam seus desentendimentos com boa parte do time e comissão técnica: em outubro, na derrota para a Roma, ao ser substituído Edmundo ofende seu técnico, Giovanni Trapattoni, em frente as câmeras de televisão. Não satisfeito, volta a insultar o técnico no vestiário. Poucos dias depois, após um bate boca, saiu no tapa com o meia Emiliano Bigica, até então seu melhor amigo na cidade.
No ano seguinte volta a se desentender com vários companheiros de time, dentre eles Rui Costa e o parceiro de ataque, Batistuta.. Em março, com aval da diretoria da Fiorentina, desfalcou o time para passar o Carnaval de 1999 na cidade do Rio de Janeiro, o que teria desagradado o elenco italiano. Lá, segundo o amigo e radialista Washington Rodrigues, teria quase ficado, por estar insatisfeito com a vida em Florença. Ainda no Rio, o jogador teria, segundo jornais italianos, chamado o argentino Batistuta de "perdedor", e Rui Costa de "invejoso". Em resposta, Rui Costa afirmou: "Enquanto estamos trabalhando para vencer, Edmundo se ocupa em nos ofender". Já Batitusta foi mais político, alegando não querer comentar sobre o brasileiro.
A estadia no Carnaval carioca tampouco agradou os torcedores, que afixaram no portão da casa de Edmundo, antes de sua volta, a seguinte mensagem: "Agora basta: silêncio e vitória". A torcida da Fiorentina ainda tentou uma audiência com o atacante, que se recusou, dizendo que não falaria com ninguém, tampouco abriria uma exceção para os torcedores. O clima ruim de Edmundo no clube fez com que alguns companheiros, como o volante Sandro Cois e o lateral Moreno Torricelli se posicionassem publicamente pela saída do atacante.
Com os seguidos problemas de comportamento, Edmundo começou a negociar sua volta para o Vasco. A volta do ídolo passa a ser prioridade para os dirigentes do clube, que chegam a um consenso com a Fiorentina e principalmente seu presidente, Cecchi Gori, que inicialmente era contra a venda do atacante. A torcida vascaína, entusiasmada com a volta, passa a cantar seu nome nos jogos.
Retorno ao Brasil e futebol japonês
Edmundo retornou ao Vasco pela quantia de US$ 15 milhões, a maior transferência já paga por um clube brasileiro até então. A vultosa quantia foi paga com ajuda da parceria entre o clube e o banco norte americano Nations Bank (hoje Bank of America). Com o retorno praticamente assegurado, o vice-presidente da época, Eurico Miranda, declara que Edmundo seria o maior ídolo do Vasco, a frente de Roberto Dinamite. Já o técnico, Antônio Lopes, garante que o atacante será titular, negando, todavia, que Edmundo vá receber qualquer tipo de regalia. A declaração de Lopes repercute com o titular Donizete, jogador especulado pela imprensa a ser o sacado para a entrada de Edmundo, devido as suas más atuações, que afirma não abrir mão da vaga, e que, ficando na reserva, pediria para sair.
Edmundo Vem para o segundo turno do Estadual de 1999, que ajuda o Vasco a vencer. Porém, nas finalíssimas, nem sua presença impede o título do Flamengo.
No Brasileirão, faz boa campanha com o Vasco na primeira fase, em que a equipe termina em terceiro. Porém, acaba eliminada no primeiro mata-mata, pelo surpreendente Vitória. Ao fim do ano, recebe no clube a companhia de Romário, desafeto seu desde o ano anterior; o Baixinho fora dispensado do Flamengo por ter ido em uma casa noturna após uma derrota. Edmundo inicialmente tolera o colega, pois recebera a promessa de Eurico Miranda de que Romário ficaria apenas para as disputas do Mundial de Clubes da FIFA em 2000.
Ambos fazem uma trégua e levam o Vasco à final, com direito a vitória sobre o Manchester United com atuações espetaculares da dupla - no caso de Edmundo, de costas para o marcador Mikaël Silvestre, deu, com um toque de bola, chapéu no adversário, deixando-o no chão e emendando um outro toque para encobrir o goleiro Mark Bosnich para delirar a plateia do Maracanã. Todavia, ele é um dos que perdem pênalti na final contra o Corinthians, no mesmo Maracanã, fazendo com que o Vasco perdesse o inédito título. Anos depois, em entrevista ao programa Tá na Área, do canal esportivo Sportv, o atleta afirmaria que aquele foi o pior momento de sua carreira.
Romário permanece no clube e provoca Edmundo, tachando-o implicitamente de bobo após vitória contra o Olaria pelo Cariocão de 2000. Romário rouba as atenções para si principalmente após marcar três vezes em um 5 x 1 sobre o Flamengo na final da Taça Guanabara. A rixa faz com que Edmundo chegue a se recusar a enfrentar o Palmeiras pelo Torneio Rio-São Paulo, pelo fato da faixa de capitão ter sido dada a Romário e não ele. "É como se eu fosse um jornalista importante que, depois de ficar três dias parado por causa de uma doença, voltasse à empresa como office-boy", comparou. A frustração é descontada nos adversários, chegando a proferir provocações como "seu salário não paga o meu cafezinho", fazendo com que ele fosse eleito pela Placar, em votação entre colegas de profissão, o jogador mais odiado do Brasil.
Em maio, o jogador tenta uma reaproximação com Romário, a afirmar que "ele [Romário] mostra em campo que merece receber mais carinho", num discurso direcionado a parte da torcida do Vasco, que vaiava Romário pelo tempo em que ele tinha jogado no arquirrival, o Flamengo. A resposta do Baixinho, contudo, é dura: "Agora não tem jeito: a guerra vai ser para sempre. E quem compete comigo, perde. Não adianta".
O desgaste provocado pela rixa com Romário leva Edmundo ao banco de reservas, onde chegou a ficar dois meses sem jogar. Se não contava com prestígio no seu próprio clube, o mesmo não se podia dizer de outras equipes. Nesse período de ocaso, o jogador foi abordado pelo Napoli, Perugia, Milan, Chelsea e até pela Fiorentina, seu ex-clube, além de São Paulo e Botafogo. O seu destino, contudo, acabou sendo o Santos, numa cessão por empréstimo. Ao justificar a contratação, o presidente do clube santista, Marcelo Teixeira, afirmou que não haveria ninguém melhor que Edmundo para o Santos voltar a ser respeitado como no passado.
Na chegada ao novo clube, onde reencontra os ex-colegas Rincón e Carlos Germano, ele afirmou que a fase polêmica e de brigas tinha ficado no passado. Edmundo também mostrou-se incomodado com os comentários de que aquela seria a sua última chance de se firmar, rebatendo: "Já ouvi dizer umas 20 vezes que estou tendo minha última chance. Agora, dizem o mesmo sobre minha passagem pelo Santos. Não é a última, claro que não. Mas é uma grande chance".
A vinda de Edmundo, contudo, levantou dúvidas quanto a possibilidade da equipe paulista em arcar com altos salários, como os de Rincón, Carlos Germano e o próprio Edmundo. Com o fracasso da parceria com o consórcio CIE/Octagon, o presidente do clube passou a tirar dinheiro do seu próprio bolso, para mantê-lo. O questionamento acabou se provando verdadeiro, já que com pouco tempo Edmundo passou a reclamar publicamente dos salários atrasados. Com isso, apesar de bom futebol mostrado no clube paulista, acabou sendo devolvido ao Vasco, que o emprestou para o Napoli. De volta à Itália, faz dupla com a futura estrela Amauri, mas não corresponde às expectativas. O clube terminaria rebaixado e Edmundo, eleito o pior jogador da temporada
Cansado de ser emprestado para diversos times, Edmundo entrou na Justiça Desportiva em 2001, brigando pelo direito do seu passe. Conseguiria o passe livre, se transferindo para o Cruzeiro. Um tempo depois, porém, foi mandado embora por causa de uma declaração no jogo contra o ex-clube Vasco, em que o Cruzeiro perdeu de 3 a 0. Edmundo dera a seguinte declaração:
Tomara que não faça gol. Se acontecer, vai ser por puro profissionalismo. Mas não haverá comemoração, porque não posso comemorar derrotas minhas, como torcedor vascaíno.
Na partida, o jogador desperdiçaria um pênalti e é imediatamente dispensado ao fim dela. A passagem de Edmundo pelo time celeste foi considerada tão ruim que por ela o atacante figurou na lista das "100 piores contratações do futebol brasileiro", elaborado pelo site Terra
Edmundo então foi contratado pelo Tokyo Verdy, do Japão. Como de praxe, não demorou a arranjar confusão. Contundido, voltou ao Brasil para fazer uma cirurgia no pé. No dia seguinte - mesmo de muletas - desfilou normalmente no Sambódromo, no carnaval do Rio de Janeiro, enlouquecendo os dirigentes japoneses. Apesar de estar longe do antigo Edmundo, as boas atuações do jogador ajudaram o Tokyo Verdy a continuar à Primeira Divisão japonesa.
No final de 2002, algumas especulações diziam que ele voltaria ao Palmeiras para disputar a segunda divisão do Brasileirão de 2003, mas o jogador foi para o Urawa Red Diamonds, outro time japonês. Depois de três meses Edmundo rescindiu o contrato, alegando saudades da família. No meio de 2003 ele então voltou ao clube de coração, o Vasco da Gama. Mas lá, assim como no Santos, reclamava abertamente dos atrasos nos salários e não escondia a insatisfação com a qualidade do elenco. No final do ano foi embora, e chegou a declarar em entrevistas que pensara em encerrar a carreira. À Placar, defendeu-se dos que o tachavam de "mercenário", além de atacar implicitamente Eurico Miranda:
Não há justificativa. Fiquei nove meses no clube e sete sem receber. Isso não existe. Cumpri todos os meus horários, joguei todos os jogos que tive condições. Não há o que contestar. (...) O Vasco ficou sete meses sem me pagar e publicamente eu fui o errado. Isso vai se repetindo e enche o saco. (...) Eu vejo com tristeza esta situação. Jogador de futebol é tido como mercenário, é execrado. Mas a maioria dos clubes não paga 13º, FGTS, férias e outros direitos. Há clubes sérios, como o Palmeiras, que não me deve um tostão. O problema é que a gente trabalha com um esporte de paixão e é mais fácil jogar a culpa em cima do jogador. Vários clubes estão falidos e tiveram apoio de empresas fortes, receberam milhões de dólares e olha como está a situação. Tem gente que está há anos e anos no clube, sem receber salário, e tem mansão em Angra e em Miami. E ninguém fala nada
Fluminense e Figueirense
Em 2004 Edmundo se transferiu ao Fluminense, afastando boatos de aposentadoria, afirmando que só pensaria em encerrar a carreira se começasse a se arrastar em campo. Chegou com o aval de Romário, com quem se acertara em 2003, e motivado a retomar o bom futebol:
No Vasco não me pagavam, eu podia fazer o que quisesse, caí num marasmo e não deu certo. Não tive a concentração e dedicação necessárias, o que me levou a me contundir demais em 2003, como nunca aconteceu antes. (...) Este ano estou mais focado, melhor psicologicamente. (“...) O Flu parece ter pessoas sérias e um projeto consciente”.
Edmundo frisou que ainda tinha a habilidade de antes, "cem por cento. Não tenho o mesmo vigor físico, mas aprendi outros macetes. Só que nunca mais joguei em times tão competitivos quanto o Palmeiras de 1993 e 1994 e o Vasco de 1997. Isso precisa ser levado em conta". A reestréia em campo da parceria com Romário funciona na primeira partida, contra o Madureira, em que cada um marcou na vitória tricolor por 2 x 1. Porém, nos jogos seguintes a dupla não empolga. O Fluminense perde a Taça Rio de 2004 para o Vasco da Gama, numa final onde Edmundo é criticado pelo seu técnico, Ricardo Gomes, por conta de seu posicionamento. No decorrer do ano, o jogador pouco atuou, passando grande parte da temporada no departamento médico. Acabou dispensado.
Após um tempo parado, surgiu a proposta de atuar no Nova Iguaçu, time da segunda divisão do Campeonato Carioca, onde faria dupla com Zinho, um dos donos do clube. Edmundo jogou por lá apenas dois jogos, tendo feito um gol. Saiu assim que o Figueirense lhe fez uma proposta. Lá, o Animal conseguiu mostrar parte do bom futebol de antigamente. Foi o artilheiro do time e peça fundamental para que o clube catarinense escapasse do rebaixamento, chegando até a frustrar os planos de Edílson Pereira de Carvalho de manipular os resultados de um jogo contra o Juventude, em que o atacante marca três gols em vitória por 4 x 1 em Caxias do Sul e impede uma derrota programada pelo árbitro; o próprio Edílson justificou-se para os apostadores que obedecia que nada pôde fazer contra o desempenho de Edmundo naquele dia: "Você viu que barbaridade?", teria dito. Apesar das intenções de prejuízo contra o clube, os pontos tiveram de ser tirados e a partida, remarcada.
Nesse Brasileirão, Edmundo fez história, tornando-se o quinto maior artilheiro dos Campeonatos Brasileiros, com 126 gols. Chegou a marcar outras três vezes, contra o seu amado Vasco, fazendo o que não fizera pelo Cruzeiro em 2001: cobrar pênaltis, fazendo-o inclusive duas vezes, e comemorando em ambas. Ele, por muito pouco, não conseguiu sua terceira Bola de Prata como melhor atacante do campeonato - mesmo aos 34 anos, teria faturado o troféu caso a referida partida contra o Juventude não tivesse sido anulada.
As boas atuações chamaram a atenção dos dirigentes do Palmeiras, especialmente em uma partida contra o ex-clube, no Parque Antártica. Mesmo marcando os dois gols do Figueira no empate em 2 x 2, foi ovacionado pela torcida palmeirense com o velho grito de "Au, au, au, Edmundo é animal". Ao fim da partida, trocou de camisa com um dos maqueiros do Palmeiras e declarou sonhar em voltar a defender o clube às rádios que o entrevistavam na hora. O Palmeiras, vendo seu grande desempenho no Figueirense, onde também tornara-se, com 15 gols - 18, se não houvesse remarcações -, o maior goleador em uma única edição do Brasileirão, resolveu recontratá-lo.
Retorno ao Palmeiras
Retornou à equipe depois de onze anos em um contrato baseado em seu rendimento, recuperando o status de ídolo e provocando crescimento da média de público nos jogos do time. Ao ser oficialmente anunciado, disse que, embora já não tivesse o vigor físico de antes, iria "jogar com muito mais amor à camisa, porque percebi a besteira que fiz na minha vida quando deixei o Palmeiras".
No Campeonato Brasileiro de 2006, Edmundo marcou 10 gols pelo Palmeiras, se tornando o terceiro maior artilheiro da história do Brasileiro, com 136 gols, ficando atrás apenas de Roberto Dinamite (190 gols) e Romário (com 155). Seu empenho conquista até o truculento técnico Emerson Leão, que fora contra a sua contratação. Alterna bons e maus momentos, mas não perde a idolatria da torcida.
Estou feliz, sem dúvidas. Nunca imaginei que chegaria na minha carreira a chegar em um momento como esse. O que sonhava era comprar uma casinha para a minha mãe e um fusquinha incrementado. Nunca pensei em ficar atrás na artilharia só do Dinamite e do Romário.
Em 2007, após um começo ruim, Edmundo ficou de fora de alguns jogos, fazendo uma preparação física personalizada. Em sua volta o Animal marcou 12 gols em 10 jogos e foi o segundo artilheiro do Paulistão 2007. Porém, em seu retorno, fracassa em conseguir títulos. No Brasileirão, a equipe chegou a liderar, mas perde inclusive a classificação para a Taça Libertadores da América de 2008, ao ser inesperadamente derrotado em casa para o desmotivado Atlético Mineiro na última rodada - parte da surpresa deveu-se ao fato de que a vitória atleticana beneficiou o rival Cruzeiro, que ficou com a última vaga. O mau momento de Edmundo chegou a ser repreendido publicamente pelo colega Pierre.
Edmundo reeditou um pouco do Animal ao esnobar um aperto de mão do técnico Caio Júnior após substituição em clássico contra o São Paulo. Curiosamente, os dois se aproximariam após o incidente, depois que Edmundo, lacrimejando, foi se desculpar com o treinador. Caio teria inclusive o aconselhado a buscar a máxima artilharia dos Campeonatos Brasileiros como meta para continuar jogando (Edmundo somava, na época, 140), declarando que ele ainda teria qualidade por mais um ou dois anos.
Aposentadoria no Vasco
No final de 2007, o jogador passa a ser especulado no Vasco da Gama, onde poderia voltar para terminar a carreira. As especulações se iniciam devido a declarações da diretoria palmeirense de que não iria renovar o contrato com o jogador. Contra Edmundo pesava o alto salário, estipulado em R$ 120 mil, a grande frequência no departamento médico na temporada de 2007 e a vinda do desafeto Vanderlei Luxemburgo como técnico do Palmeiras.
Fora dos planos do clube alviverde, o atacante passou a ser alvo do interesse de vários times. O treinador do Internacional na época, Abel Braga, declarou que gostaria de contar com o jogador, mas a contratação foi vetada pela diretoria colorada. Coritiba, Figueirense e São Caetano seriam outros interessados em contar com o futebol do ex-palmeirense. Edmundo, contudo, nunca escondera a preferência em voltar e terminar a carreira no Vasco, o que fez que com negociasse apenas com o clube cruzmaltino. A negociação foi lenta e demorada devido a ação judicial que o jogador movia contra o ex-clube, pedindo 14 milhões de remunerações não pagas. O atacante aceitou reduzi-las pela metade e após o acerto salarial foi anunciado oficialmente no dia 21 de janeiro. Na sua apresentação o jogador voltou a falar de sua relação com o Vasco, classificando-a de uma 'empatia fora do normal', prometeu encerrar a carreira no clube e revelou que um dos motivos para sua volta foi a de manter se reconciliação com o ex-desafeto Romário, então técnico da equipe.
Edmundo acabou não tendo um bom retorno, a começar pela reestréia: perdeu pênalti na semifinal da Taça Guanabara, contra o Flamengo, que minutos depois faria um segundo gol e passaria à decisão. Em outra semifinal, a da Copa do Brasil de 2008 contra o Sport Recife, desperdiçou novamente um pênalti que custou ao Vasco a classificação para uma final. Chegou a martirizar-se arrancando os cabelos e pedindo pessoalmente a Eurico Miranda para rescindir o contrato, sendo demovido da ideia pelo presidente.
Já tendo declarado seu desejo de encerrar a carreira na equipe cruzmaltina, Edmundo teria despedido-se dos gramados no dia mais triste da história do Vasco, em que o clube caiu pela primeira vez para a Série B, tornando-se o terceiro grande carioca a sofrer o descenso para a segunda divisão.
Seleção Brasileira
Edmundo estreou pelo Brasil em 1992, ainda pelo Vasco, em uma derrota por 0 x 1 para o Uruguai em Montevidéu. Apesar do bom momento no Palmeiras, e de ter sido chamado por Carlos Alberto Parreira para a Copa América de 1993, não é chamado pelo mesmo para a Copa do Mundo de 1994.
É justamente em uma Copa América, a de 1997, sua terceira (participara também da de 1995, ficando com um vice-campeonato), que ele tem seu melhor momento na Seleção. Chega a reeditar nela a dupla com o então amigo Romário e faz um dos gols do título, sobre a anfitriã Bolívia. Mesmo contra a equipe da casa, demonstra novamente o Animal, socando sem que o juiz visse um adversário que lhe cometera uma falta dura minutos antes. Zagallo imediatamente o substituiu por Paulo Nunes. O treinador admitiria que seguiu convocando Edmundo devido à excelente fase vivida por ele no Vasco da Gama, naquele ano em que seria campeão e artilheiro recordista do Brasileirão.
Vai à Copa do Mundo de 1998 como reserva de Romário e Ronaldo. Mesmo com o corte do Baixinho, o técnico Zagallo mantém Edmundo no banco, que é preterido pelo veterano Bebeto. A reserva nunca agradou ao atleta: Edmundo daria declarações dizendo estar em melhores condições que o tetracampeão. A frase repercutiu mal com o colega de seleção, que fora, no Vasco, sua primeira dupla ofensiva, e o treinador: enquanto Bebeto disse que Edmundo fora "infeliz", Zagallo afirmou que "quem escala o time é treinador", ameaçando retirar da equipe qualquer jogador que demonstrasse indisciplina. Indiretamente, foi por causa do corte de Romário que também a relação entre ambos se deteriorou: com rancor de Zagallo e do auxiliar Zico, este satirizou ambos na pintura dos banheiros da casa noturna que inauguraria posteriormente. Edmundo se mostrou contrário às provocações.
Edmundo, que também não se dava bem com Júnior Baiano, desentendeu-se ainda com Leonardo, que procurara acalmá-lo: "Você sempre quer dar uma de bom moço", bradou o Animal. Ele já reclamara do restante do elenco após um amistoso contra o Athletic Bilbao, preparativo para a Copa, queixando-se de não receber a bola.
Na Copa, o Animal jogou duas vezes, sem se sair bem: contra Marrocos, na primeira fase, e na final contra a França - partida em que entraria como titular devido à convulsão de Ronaldo. A escalação acabou alterada na última hora, contribuindo ainda mais para o mau ambiente dos jogadores para a partida: o grupo dividiu-se entre aqueles que defendiam a manutenção da escalação já divulgada, e os que apoiavam que Ronaldo entrasse jogando. Acabou prevalecendo o desejo do próprio Ronaldo em jogar. Edmundo entraria na partida nos últimos quinze minutos, substituindo César Sampaio.
Sua última partida pelo Brasil foi nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2002, no feriado de 15 de novembro de 2000, contra a Colômbia, convocado por Emerson Leão.
Pós-aposentadoria
Em 2009, um ano após aposentar-se, assinou contrato com a Rede TV! E torna-se comentarista da emissora, além também de iniciar uma possível carreira na política, ao filiar-se ao PP. No ano seguinte, passou a ser comentarista na Rede Bandeirantes, tendo trabalhado nas transmissões da Copa do Mundo de 2010.
Além de seu contrato com a Bandeirantes, Edmundo, paralelamente, toca a vida investindo em diferentes ramos - desde em franquias de grandes companhias, empresas de construção civil e o projeto FutBiz, com o objetivo de integrar agentes de futebol e novos jogadores.
Títulos
Vasco da Gama
Campeonato Carioca: 1992
Copa Rio: 1992
Campeonato Brasileiro: 1997
Palmeiras
Campeonato Paulista: 1993 e 1994
Torneio Rio-São Paulo: 1993
Campeonato Brasileiro: 1993 e 1994
Seleção Brasileira
Copa América: 1997
Outras Conquistas
Vasco
Taça Guanabara: 1992 e 2000
Taça Rio: 1992 e 1999
Troféu Bortolotti: 1997
Palmeiras
Taça Reggiana: 1993
Taça Nagoya: 1994
Prêmios individuais
Palmeiras
Bola de Prata da Revista Placar: 1993
Vasco
Bola de Prata da Revista Placar: 1997
Bola de Ouro da Revista Placar: 1997
Artilharias
Palmeiras
Taça Nagoya: 1994 (2 gols)
Vasco
Campeonato Brasileiro: 1997 (29 gols)
Copa do Brasil: 2008 (6 gols)
Fonte:
Wikipédia / Imagem: Google