Primeiro Clássico da Taça Guanabara - Ano 10

Dodô dá show, marca três gols, e o Vasco humilha o Botafogo no Engenhão



Artilheiro desencanta contra o ex-clube. Cruzmaltinos goleiam o rival por 6 a 0 e assumem a liderança do Grupo B da Taça Guanabara


Na comemoração, mãos para o céu agradecendo o recomeço no futebol. Um artilheiro inspirado, sem pena da ex-torcida. Três gols em 34 minutos. Dodô está de volta. Azar do Botafogo. O artilheiro também participou de outros dois gols do massacre vascaíno por 6 a 0, neste domingo, no Engenhão, pela terceira rodada do Campeonato Carioca. Phillipe Coutinho, duas vezes, e Léo Gago fecharam a vitória. Foi a maior goleada sofrida pelo Alvinegro jogando no seu estádio.

Foi justamente quando atuava pelo Botafogo que Dodô passou pelo maior drama da carreira. Por causa de um complemento alimentar dado pelo clube, o atacante caiu no antidoping. Alegando sua inocência, foi suspenso e ficou um ano e meio sem jogar. A forte chuva que caía no estádio do Engenhão parecia levar os maus fluidos embora. Ele estava com saudade dos gols e não teve receio de comemorá-los, até mesmo na frente da torcida alvinegra. Dodô parece dar sorte no Engenhão: tem oito gols em sete jogos no estádio.

O Botafogo planejava uma grande festa. Antes da partida, a estátua de Garrincha foi inaugura no Engenhão. Em campo, o uruguaio Loco Abreu estreava com a camisa 13. Mas o número não trouxe sorte, assim como a nova camisa, de design diferente, metade cinza e metade preta, lançada de surpresa pelo departamento de marketing e já colocada à venda nas lojas do clube.

Com o resultado, o Vasco assumiu a liderança do Grupo B da Taça Guanabara, com nove pontos. E a torcida passou grande parte do segundo tempo cantando "o campeão voltou". O Time da Colina não vencia as três primeiras partidas no Campeonato Carioca há seis anos. Na edição de 2004, o Vasco passou por Portuguesa, Olaria e Bangu.

O Botafogo está em terceiro lugar, com seis pontos. Pela quarta rodada do Campeonato Carioca, o Alvinegro enfrentará o Tigres, na próxima quarta-feira, às 21h50m, em São Januário. A partida será transmitida pela TV Globo para todo o estado do Rio de Janeiro. Já o Vasco encara o Macaé na quinta-feira, às 19h30m, também em São Januário.

Dodô está de volta!


A partida começou com uma forte chuva castigando o gramado ruim do Engenhão e com a torcida alvinegra pegando no pé do ex-ídolo Dodô. Eram vaias e gritos de "mercenário" e "traidor" todas as vezes que ele tocava na bola. Foi assim quando o atacante acabou desarmado em um lance na intermediária.

Mas o futebol é dinâmico e cheio de reviravoltas. Poucos segundos depois, em uma bobeira na saída do Botafogo, a bola voltou para os pés de Dodô. Ele passou pelo primeiro marcador e soltou a bomba da entrada da área. Chute seco de fora da área, rasteiro, no canto direito do goleiro Jefferson, que nada conseguiu fazer. Um lindo gol logo aos três minutos. O atacante comemorou bastante, levantou as mãos para o céu e beijou a cruz de malta da camisa. Foi o primeiro gol do artilheiro pelo novo time.

O Vasco permanecia melhor. Aos 11 minutos, Carlos Alberto e Fágner fizeram uma jogada ensaiada após cobrança de escanteio, e o lateral cruzou para a área. O zagueiro Titi cabeceou para o gol, e Jefferson fez uma difícil defesa, espalmando a bola para a linha de fundo. Quase saiu o segundo gol. 

A situação alvinegra piorou aos 14 minutos, quando o meia Eduardo entrou duro em Souza em uma dividida no meio-campo. O árbitro Felipe Gomes não pensou muito e puxou o cartão vermelho, expulsando o jogador do Botafogo, que saiu bastante vaiado de campo pelos torcedores. 

Com um jogador a mais em campo, o Vasco dominou o meio. E o Botafogo perdia a cabeça. No tempo técnico, Estevam Soares tentou arrumar novamente o time, mas a bola voltou a rolar e o cenário não mudou. Alessandro e Herrera entraram de forma violenta em Léo Gago e Souza, respectivamente, e receberam cartão amarelo. A torcida do Vasco começou a gritar "timinho" para os alvinegros. 

Aos 29 minutos, o Botafogo finalmente chegou pela primeira vez com perigo. O zagueiro Fernando foi atrapalhado pelo péssimo gramado, e a bola sobrou para Loco Abreu, que fez o passe para Herrera. O argentino chutou no ângulo direito de Fernando Prass, e a bola bateu na rede pelo lado de fora. Grande parte da torcida alvinegra chegou a gritar gol no estádio e só depois percebeu que a bola não havia entrado. 

E aí Dodô foi logo deixando os alvinegros mais desesperados. Carlos Alberto avançou pela direita e cruzou para a área. O zagueiro Antônio Carlos dormiu no lance, e Dodô esticou a perna na altura da segunda trave para desviar e marcar o segundo gol. Ele não teve pena da ex-torcida e foi comemorar em frente aos alvinegros - Carlos Alberto, outro com passagem pelo Botafogo, ainda apareceu para "engraxar" as chuteiras do atacante.


O artilheiro estava inspirado. Dois minutos depois, em um contra-ataque rápido, ele recebeu livre na cara do goleiro Jefferson e deu um toque com tranquilidade por cima do goleiro. Vasco, ou melhor, Dodô, três. Botafogo, zero. E junto com o gol vieram os gritos de "olé" da torcida cruzmaltina e de "burro" para Estevam Soares dos alvinegros.


Aos 37 minutos, Carlos Alberto soltou uma bomba da intermediária. A bola subiu muito e não levou perigo para o goleiro Jefferson. Mas no lance o meia sentiu uma lesão muscular e precisou ser substituído por Magno. Enquanto isso, na arquibancada inferior, torcedores do Botafogo brigavam entre si.

Aos 46 minutos, o Botafogo teve uma chance de diminuir. Herrera deu passe para Alessandro, que entrou na área e tocou por cima do goleiro Fernando Prass. A bola foi para fora. E o primeiro tempo terminava com Dodô recebendo cartão amarelo, o seu terceiro no campeonato. Terá de cumprir suspensão automática contra o Macaé. Alguns jogadores alvinegros foram reclamar com o árbitro Felipe Gomes, e o técnico Estevam Soares escutou um sonoro grito de "burro".

Vira três, fecha seis: goleada vascaína

O Botafogo voltou para o segundo tempo sem o atacante Loco Abreu, que deu lugar ao estreante Somália. E a torcida alvinegra, novamente, gritou "burro" para Estevam Soares. O uruguaio teve uma estreia bem discreta, com poucos toques na bola e sem conclusão a gol.

Aos três minutos, o lateral vascaíno Fágner também sentiu um problema muscular e foi substituído pelo zagueiro Thiago Martinelli, que jogou improvisado pelo setor. O Vasco continuou melhor. Magno recebeu na área e chutou forte, para defesa com os pés de Jefferson. Pouco depois, Dodô quase deixou Souza na cara do gol. Antônio Carlos fez o corte no último instante.

O quarto gol teve a participação indireta de Dodô, que sofreu falta na intermediária. Enquanto o goleiro Jefferson esperava a bomba de Nilton, Léo Gago apareceu de surpresa e chutou forte para o gol. A bola foi em cima do camisa 1, que não conseguiu fazer a defesa. Falha de Jefferson, Vasco 4 a 0. Após o gol, a torcida alvinegra começou a deixar o Engenhão, aos 12 minutos do segundo tempo. E os vascaínos provocavam com o grito "adeus, Fogo".

Aos 14 minutos, Dodô arrancou e deu passe para Phillipe Coutinho, que teve calma e tocou rasteiro na saída do goleiro Jefferson. Foi o primeiro gol de Phillipe Coutinho no time profissional: Vasco 5 a 0.

O clima ficou ruim na torcida do Botafogo. Uma bomba de fabricação caseira estourou no meio da arquibancada, assustando muitas pessoas que estavam próximas. Um outro torcedor tentou invadir o gramado, mas foi preso pela polícia. E um grupo de torcedores também tentou invadir o vestiário do Botafogo durante a partida. 

O Vasco diminuiu o ritmo e perdeu algumas chances, ao tentar enfeitar muito as jogadas. Mesmo assim, chegou ao sexto gol. Rafael Coelho deu bom passe na área para Phillipe Coutinho, que tocou com categoria na saída de Jefferson: 6 a 0, aos 34 minutos.

Por pouco, o Vasco não igualou a maior goleada do confronto, os 7 a 0 de 2001, com gols de Juninho Paulista (três), Romário (dois), Pedrinho e Euller no Maracanã. A torcida lembrou a histórica vitória no segundo tempo, pedindo "sete de novo". O sétimo gol não veio, mas nada que frustrasse os vascaínos no Engenhão.

Jornalista: Thiago Lavinas




Nenhum comentário:

Postar um comentário