Historiadora explica significado das cores e símbolos de clubes

As cores do arco-íris são sete. Mas e a paixão pelo futebol, de que cor seria? Preta e branca? Verde, branca e grená? Vermelha e preta? Iluminada por uma estrela ou abençoada por uma cruz? Será que é vermelha? Cor de rosa? Com essas e outras perguntas na cabeça, a designer Eliane Corrêa da Rocha mergulhou, em seu mestrado em design pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio, na análise da história das cores e símbolos adotados pelos clubes de futebol, em especial os do Rio.

Como resultado da pesquisa de dois anos, orientada por Alberto Cipimiuk, com pós-doutorado em História da Arte na França, Eliane elaborou a dissertação de mestrado "O Aspecto Social da Iconografia do Futebol - Estudo de casos das agremiações desportivas cariocas", que quer agora transformar em livro. Na conclusão, ela detecta uma dimensão religiosa ou sagrada nos símbolos dos clubes e considera que o futebol carioca é o mais colorido, listrado e carnavalesco do país.
Para chegar a tais conclusões, a pesquisadora e seu orientador (Cipimiuk) começaram a estudar sobre a utilização de listras e faixas em bandeiras de países e uniformes militares. Até o século 18 as listras não eram tão apreciadas, mas com as Revoluçoes Americana (1776) e Francesa (1789), elas entraram na moda, já que a bandeira americana é listrada, e a da França, tricolor.

- No fim do século 19, quando começa na Europa a idéia de saúde e de cuidados com o corpo, as listas eram usadas em trajes de marinheiro e de praia. No caso do remo e do futebol, os trajes eram listrados. Como no Rio o futebol está ligado ao remo (Botafogo, Flamengo e Vasco começaram nas regatas), os uniformes de futebol também têm listras - explica a pesquisadora. - Hoje, as listras expressam dinamismo, são visíveis de longe, têm a ver com o espetáculo.

Ao falar do colorido dos times cariocas, Eliane detecta em cada camisa, bandeira e escudo uma espécie de mensagem. No caso do campeão estadual, o Botafogo, o símbolo mais forte é a estrela, herdada do Clube de Regatas Botafogo, fundado em 1894 e que, em 1942, se juntou ao Botafogo Futebol Clube, de 1904, para dar origem ao clube atual.

- Os remadores que fundaram o clube escolheram como símbolo a estrela que viam no céu, a Estrela Dalva, o planeta Vênus. Depois, houve a fusão do clube de remo com o de futebol, de camisa listrada. Além disso, na época da fundação, a estrela estava na moda. É um símbolo associado ao mar e à República. No caso da religião católica, a estrela é um símbolo da Virgem Maria - analisa ela. - A estrela solitária que brilha tem a ver com a fama de sofrimento do Botafogo, e o alvinegro é supersticioso. O clube não é preto nem branco. É preto e branco. O branco representa a pureza, e o preto, austeridade.

No Flamengo, as cores, quando da fundação, eram azul e ouro:

- Poucos sabem disso. Dizem que as cores desbotavam, e por isso, o clube mudou para o preto e o vermelho. Outra teste é a de que, com as cores antigas, o remo vinha perdendo, e o azul e amarelo foram considerados de mau agouro. O vermelho e o preto expressavam raça e fibra.

Ao analisar as cores do Fluminense, Eliana observa:

- Incialmente, era branco e cinza, mas um de seus fundadores (Oscar Cox) foi à Europa comprar novas camisas. Lá, ele adquiriu o jogo de camisas tricolor. As cores expressam o elitismo e a sofisticação de um clube que tinha dinheiro para comprar seus uniformes na Europa. O clube era bem representado por Marcos Carneiro de Mendonça, um goleiro impecável, que se vestia de branco.

Eliane chama a atenção para o fato de que no uniforme do Vasco, o símbolo mais forte é a Cruz de Cristo, também chamada de Cruz de Malta, também presente no escudo da seleção brasileira. As cores preta e branca, básicas na maioria dos clubes no fim do século 19, têm uma interpretação especial para os vascaínos.

- O Vasco tinha a ideia de ser um clube mais democrático, usando o preto, o branco e o vermelho na cruz. São cores que se encaixam na ideia de uma comunhão de etnias (já que o clube lutou contra preconceitos raciais e sociais nos anos 20). É muito forte o aspecto religioso da cruz, porque a Ordem Militar de Cristo era a mesmo tempo religiosa e guerreira - explica.

- A cruz é usada também em clubes europeus, e de forma geral, todos os clubes atribuem a si uma dimensão religiosa. Os jogadores rezam, agradecem a Deus. As camisas são sagradas. Não se pisa nem se rasga uma camisa. Ao mesmo tempo, não se vê tanto fervor religioso noutros esportes.

Eliane chama a atenção para o fato de que no uniforme do Vasco, o símbolo mais forte é a Cruz de Cristo, também chamada de Cruz de Malta, também presente no escudo da seleção brasileira. As cores preta e branca, básicas na maioria dos clubes no fim do século 19, têm uma interpretação especial para os vascaínos.

- O Vasco tinha a ideia de ser um clube mais democrático, usando o preto, o branco e o vermelho na cruz. São cores que se encaixam na ideia de uma comunhão de etnias (já que o clube lutou contra preconceitos raciais e sociais nos anos 20). É muito forte o aspecto religioso da cruz, porque a Ordem Militar de Cristo era a mesmo tempo religiosa e guerreira - explica.

- A cruz é usada também em clubes europeus, e de forma geral, todos os clubes atribuem a si uma dimensão religiosa. Os jogadores rezam, agradecem a Deus. As camisas são sagradas. Não se pisa nem se rasga uma camisa. Ao mesmo tempo, não se vê tanto fervor religioso noutros esportes.

Eliane pesquisou também clubes como o América e o São Cristóvão. No caso do América, a agremiação havia começado preta e branca, para mais tarde adotar o vermelho.

- Já o São Cristóvão tem um friso rosa ao redor do escudo preto e branco, por causa de Santa Teresinha. Vale lembrar que todo time tem um padroeito, e é difícil encontrar um time com uniforme rosa, exceto o Palermo, da Itália, por devoção a uma santa local - finalizou Eliane, cuja tese foi debatida no recente I Simpósio de Estudos sobre Futebol, em São Paulo.

Fonte: http://www.supervasco.com/

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